sexta-feira, 6 de março de 2009

“A MULHER”

Pode parecer um contra-senso, numa “sociedade” que se diz moderna e que na sua Lei Fundamental tem escrito “Todos os cidadãos têm direito à mesma dignidade social e são iguais entre si. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua (…)”, comemorar o Dia da Mulher.

Parece-me que ao celebrar este dia, a sociedade pretende chamar a atenção para o papel da mulher na comunidade e o seu contributo na sua construção, tentando, ao mesmo tempo que a vitimiza, fazer com que todos tomem real consciência para a importância que as mulheres efectivamente têm.

No entanto, os actos que a sociedade apregoa, não se coadunam com o que pratica. Apesar de ter uma Constituição que fala em direitos iguais, vê-se forçada a criar uma “Lei da Paridade” que, infelizmente, continua a não ser cumprida, na maioria dos casos.

A comemoração deste Dia, teria sentido se ainda vivêssemos numa época onde o papel da mulher se resumia a ser mãe, esposa, dona de casa ou se, porventura, ainda estivéssemos no século XIX, mais ou menos no período da Revolução Industrial, onde muitas mulheres executavam ofícios e tarefas iguais aos homens, mas com uma remuneração muito inferior.

Teorias há, que as reivindicações femininas, surgiram apenas nessa altura, a 8 de Março de 1857, porém, na minha opinião, o papel das mulheres e a luta para integrarem o mundo “masculino”, é bem anterior, quem sabe vem já dos primórdios da democracia. Aristófanes, um dramaturgo grego, escreveu em 411 a.C. uma obra que retratava a sociedade de então, onde as mulheres fizeram greve ao sexo, como forma de forçar Atenienses e Espartanos a estabelecerem a paz entre si.
Mas o que mais me entristece é que passados milénios desta obra, passados séculos de luta registada das mulheres pelos seus direitos, passadas décadas de liberdade em que vivemos, passadas décadas em que a Constituição Portuguesa tem consagrada a igualdade de direitos, exista uma data no calendário, em que se comemora o dia da mulher. Este esforço feminino para impor a igualdade de direitos, oportunidades, respeito… já deveria ter terminado, porque já não faz sentido.

Vivemos numa época em que existem mais mulheres que homens. Nas escolas, nas universidades, nos empregos, em todas as áreas da sociedade, o sexo feminino sobressai quer em número, quer em capacidade de trabalho. Vivemos numa época onde os empregos tradicionalmente masculinos, tendem a desaparecer, mas verifica-se que as mulheres raramente chegam aos cargos de topo, a administrações de empresas sejam elas publicas ou privadas e quando chegam nunca são reconhecidas realmente pelo seu valor, ou sequer remuneradas tal como os homens.

De quem é a culpa?
Meus caros, a culpa é de todos nós que fazemos e compomos a “sociedade”. A culpa é da mentalidade ancestral, retrógrada e preconceituosa que todos, repito todos, homens e mulheres, teimam em manter, em nome de “tradições” e mostram uma elevada resistência a mudanças.

Cabe a cada um de nós, no dia a dia, incentivar à mudança de pensamentos, mentalidades e formas de estar na vida e no mundo em que vivemos, fazendo com que todos os dias sejam os “Dias do Homem e da Mulher”.

Não esquecendo, e louvando todas as lutadoras que ainda existem, vamos eternizar este dia porque, SOMOS TODOS DIFERENTES, PORÉM TODOS IGUAIS.

José Carlos Sebastião
Vice-Presidente da Comissão Política de Secção do PSD Barreiro

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